terça-feira, 10 de junho de 2025

A velha Paranaguá contando, em silêncio, a sua história.


Dizem que, quando o sol se põe entre os telhados antigos de Paranaguá, é possível ouvir sussurros vindos do passado. Eles se escondem nas esquinas de pedra, deslizam pelos becos estreitos e se embalam nas ondas que tocam o cais. É como se a cidade respirasse lembranças.

Muito antes dos sinos das igrejas ecoarem no centro histórico, eram os carijós que chamavam essa terra de lar. Viviam do que o mar e a mata ofereciam, em harmonia com o tempo e o vento. Suas trilhas viraram ruas, seus cantos ecoam nos nomes das ilhas, e seus passos ficaram gravados onde hoje caminhamos.

Com a chegada dos colonizadores, Paranaguá foi ganhando outra face. Casarões ergueram-se à beira da baía, feitos de pedra, cal e madeira escura. Navios estrangeiros ancoravam com frequência, e o porto, como um coração em expansão, batia forte ao ritmo do comércio.

Ali, misturavam-se línguas, roupas, crenças — africanos, portugueses, indígenas e mais tarde imigrantes europeus. Todos deixaram marcas. Na dança das festas populares, nas receitas de peixe com banana, nos azulejos que ainda enfeitam algumas fachadas.

À noite, as lamparinas tremulavam nas sacadas, e ao longe se ouvia a música de um bandolim. Era a Paranaguá de outrora, romântica e viva, entre o sal do mar e o cheiro de café torrado que escapava pelas janelas abertas.

Hoje, a cidade ainda guarda esse tempo como quem protege um segredo antigo. As crianças correm pelo mesmo calçamento que um dia recebeu carroças e tropeiros. E se você parar, fechar os olhos e deixar o vento tocar seu rosto, talvez consiga escutar...

...a velha Paranaguá contando, em silêncio, a sua história.

__EzequielFerreira
@paranaguaemfoco