Ô, saudades… Saudade do trem que partia e voltava sempre na hora certa. Saudade do apito que ecoava pelos becos e avisava: "Ele chegou!" Nossos avós sabiam a hora sem olhar no relógio — bastava escutar o som que cortava o ar.
A estação de Paranaguá foi o fim da linha da lendária Estrada de Ferro Paranaguá–Curitiba, um feito histórico construído entre 1880 e 1885, abrindo caminho no meio da Serra do Mar pra conectar o litoral ao interior do Paraná. Mais que engenharia, foi coragem.
Mais que trilhos, foi identidade.
Por décadas, ela trouxe comércio, progresso e encontros.
Ali se embarcava para o futuro.
Mas com o tempo, veio o abandono.
A estação foi esquecida,
os trilhos deixados de lado,
o apito silenciado por decisões que não ouviram a memória.
Hoje, a estação ainda está lá.
Calada, ferida, sobrevivendo ao esquecimento na esperança do trem retornar. E a cidade? Segue, apressada, sem ouvir o que ela grita em silêncio: "Ei, eu sou parte da tua história!"
Que esse apito volte a soar —
nem que seja na consciência de quem ainda se importa com as raízes.
___ Ezequiel Ferreira
@paranaguaemfoco